
Na semana passada me vi, mais uma vez, chocada com uma notícia de um
assassinato. Você, que agora está lendo esse texto pode pensar: Mas a violência
anda tão grande, e notícias assim são tão constantes, que quase que estamos habituados
a recebê-las. Sinto muito, mas jamais atingirei esse pensamento. E não foi uma
morte qualquer. Foi mais uma mulher que teve sua vida interrompida, foi mais
uma vítima do feminicídio. Se não está gostando do rumo desse texto pare por
aqui. Espere algo que considere melhor e mais agradável de ser lido. Porque
hoje falarei sim em favor das mulheres, e não silenciarei diante de tanta
atrocidade.
Mirella, esse era o nome da jovem fisoterapeuta, de 28 anos, vítima de um
capricho masculino: o prazer de achar que pode ter quem quiser. Muitos acharão
que estou generalizando, mas é que uma hora cansa né, de ver o mesmo cenário se
repetindo tantas vezes. Foi um ato covarde, violento e repugnante. A violência
contra a mulher em muitos casos foi banalizada, dentro dessa sociedade repleta
de ranços e costumes patriarcais, que o diga um tal ator, que acha que
ter crescido numa cultura machista é desculpa para sair metendo a mão na
genitália de alguém. E um tal de um BBB que só sabe se impor colocando o dedo no rosto dos outros e aos gritos. E o pior de tudo, é que sempre nos querem impor goela
abaixo a culpa por tudo isso. Se a mulher apanha do marido, é porque gosta de
sofrer. Se ela foi estuprada, é porque estava vestindo um decote grande demais.
Pergunto-me o que a Mirella fez então. Ah, acho que o “erro” dela
foi ter nascido bonita ao ponto de despertar desejos no vizinho. Ei meu povo,
vamos acordar. Quer você aceite ou não, o corpo e a beleza sempre serão da
mulher, e não de quem ache que pode ter domínio sobre ela. Não será do pai que
controla as saídas da filha, não será do marido que regula o comprimento da
saia da esposa, não será da mídia que dita o padrão de beleza. É dela e ponto. E por ser
dela, é óbvio que ela também decide com quem irá se relacionar, seja ele um
vizinho, um amigo ou um carinha que acabou de conhecer na balada.
No Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos. E muitas delas
que vivem o horror disso, silenciam por medo de uma sociedade preconceituosa.
Tantas outras vivem em um relacionamento doentio, que acha que por não apanhar
dá para aguentar. Mulheres, a violência não está somente na bofetada. Está
também nas palavras duras que se ouve, está na imposição de uma postura, está
em você se anular pelo outro. É preciso dar um basta nos milhares de casos envolvendo tantas "Mirellas".
Encerro lembrando alguns pontos a quem chegou até o fim desse texto.
Não é normal ser um babaca taradão que acha que pode passar a mão na bunda e ir
beijando a força. Não é interessante o cara que acha que pode ter quem ele
quiser e por isso não aceita levar um não. Lembrem-se sempre, para cada pessoa
uma história, e você só fará parte da vida dela, se ELA QUISER.
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